domingo, 4 de agosto de 2013

Viçosense expoente mineiro

Importante centro de divulgação de manifestações de arte e de conceitos de conservação e restauração, a Galeria de Arte Nello Nuno, em Ouro Preto, recebeu esse nome em homenagem ao artista viçosense, que pertence à geração de artistas mineiros que se firmaram a partir de 1962.




Nascido em Viçosa em 1939, o pintor e desenhista foi autodidata e é considerado uma lenda das artes de Minas Gerais e o precursor da pintura neo-expressionista dos anos 80. Vindo de uma família de artistas, Nuno passou a desenvolver a pintura inspirado na mãe, que também pintava.  Ainda na infância, mudou-se para Belo Horizonte, onde teve a influência de vários outros artistas da época.



Em 1965, já casado com a também artista Annamélia, o casal se mudou para a cidade de Ouro Preto com os dois filhos. Lá, Nuno viveu de sua arte e marcou a cena artística do período. Junto com a esposa, fundam uma escola de arte que mais tarde seria absorvida pela Fundação de Arte de Ouro Preto (FAOP), entidade vinculada a Secretaria de Estado de Cultura de Minas Gerais. O artista faleceu em 1975, aos 35 anos, deixando um grande legado artístico inesquecível.



Além de pinturas, o artista também se dedicava a aquarelas, colagens, poemas e ilustrações, com exposições concentradas praticamente em Minas Gerais. Críticos definem sua obra como “arrojada, múltipla, lírica e plasticamente poderosa”, influência da personalidade de Nuno, seu jeito brincalhão, afetuoso e boêmio. Ele retirava o essencial para a sua arte das coisas simples e corriqueiras, e, ainda, da boa e fraterna convivência com colegas, família e com a cidade.
Seu período na cidade de Ouro Preto teria marcado sua obra pelo trânsito de informações, diálogos com artistas e críticos de outros centros. Sua obra despontou pela inteligência plástica, defesa da liberdade criativa, uso de cores vibrantes, bom humor e multiplicidade de formas e linguagens. Em suas pinturas, ele conseguia discutir pintura, considerando importante o artista brincar com sua obra. A força e magnitude de sua obra foi um dos fatores responsáveis pelo ressurgimento artístico e cultural de Ouro Preto a partir dos anos 1970.



Em sua última entrevista concedida aos alunos da Escola Guignard de Belo Horizonte, onde era professor, Nuno expõe claramente seu modo de agir e pensar, ao impor a vida à arte e ressaltar a importância de se viver livremente, sem amarras sociais, políticas e intelectuais.
Suas produções mais conhecidas são Beijagira, uma mistura de beija- flor com girassol, e Surubicha, um “peixe-bicha”.



Suas obras estão expostas em acervos públicos como o Centro Cultural da UFMG, Museu Mineiro, BDMG Cultural, Aeroporto de Confins e Pinacoteca da Universidade Federal de Viçosa.

Hoje, sua cidade natal lhe presta uma homenagem, realizando anualmente o Salão de Arte Nello Nuno.

Texto: Isabela Zampier 

Nenhum comentário:

Postar um comentário