sábado, 31 de agosto de 2013

Ismael Nery

Ismael Nery nasceu em Belém do Pará, em 1900, e se mudou para o Rio de Janeiro quando ainda era criança, tendo se interessado por artes desde jovem.  Dedicou-se à pintura e ao desenho sem nunca limitar seu campo de atuação, porém é principalmente pelas suas obras de caráter surrealista que ele é lembrado.  Foi também poeta e deixou uma obra escrita de reflexões teóricas.

Ismael Nery

Durante sua vida, nunca se descreveu como um artista, pois não queria se dedicar profissionalmente a esse ofício.  Suas pinturas seriam um suporte através do qual ele formulava uma parte de suas reflexões metafísicas: uma materialização de suas ideias sobre as necessidades universais do homem.

Ismael Nery - Duas figuras

Em 1920, Ney foi para Paris estudar, passando três meses na Académie Julien. Enquanto na Europa, teve contato com o modernismo através das pinturas de artistas cubistas como Pablo Picasso, Georges Braque e André Lhote.  Ele também mostrou interesse em artistas modernos italianos, como o surrealista Giorgio de Chirico.

Ismael Nery - Resignação diante do irreparável 

Voltando ao Brasil, se casou com Adalgisa Nery, a musa de suas principais pinturas.  Embora ele trabalhasse com o modernismo, seus temas o diferiam do modernismo brasileiro da famosa Semana de Arte Moderna de 1922 por Nery não ter interesse em temas nacionalistas. Suas pinturas eram antes universais, sem a preocupação do tempo e espaço, com suas figuras aparecendo em cenários imaginários sem referências no mundo real.

Ismael Nery - Auto-retrato com Adalgisa

Ismael Nery morreu jovem, aos 34 anos, vítima de tuberculose. Seus trabalhos receberam reconhecimento póstumo após serem exibidos nas Bienais de 1965 e de 1969 e da retrospectiva de sua obra realizada pelo Museu de Arte Moderna de São Paulo, em 1966. Hoje, é considerado o principal expoente do surrealismo na pintura brasileira. Seu trabalho influenciou profundamente a obra de Murilo Mendes, poeta e amigo, que foi tão abalado por sua morte que seus escritos mudaram consideravelmente de tema após o acontecimento.



Texto: Letícia Abelha

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