sábado, 3 de agosto de 2013

Grafite, arte e crítica social



Atualmente, já não se discute mais se o grafite é arte. Ele conquistou seu espaço nas ruas e também já se faz presente nos museus em todo mundo. A manifestação artística alcançou o patamar de arte contemporânea, estando presente no mobiliário urbano de grandes cidades e integrando ludicamente e criticamente com a sociedade.





Surgido na década de 1970 nos Estados Unidos, o grafite veio como forma de protesto e serviu de suporte para manifestações de caráter político no movimento contracultural em maio de 1968 em Paris, quando os muros foram pintados. Na mesma década o grafite chegou no Brasil e ganhou uma identidade própria.



O preconceito por parte da sociedade gera uma série de polêmicas, enquadrando-o como poluição visual e vandalismo. Apesar disso, com seu reconhecimento como forma de arte, governos oferecem incentivos para tal expressão artística. Muitos grafites são feitos sem a autorização do proprietário, porém eles apresentam um objetivo e uma justificativa e estão ali para passar um recado.



Um brasileiro que tem sido destaque em exposições aqui no Brasil e no mundo é o paulista Luis Gustavo Martins, de 25 anos, conhecido como L7M. Seus desenhos são realistas e com cores vibrantes. Desenhando desde os 13 anos, L7M participou de diversos concursos quando criança, ganhando prêmios culturais. Autodidata, o artista é adepto do “urbex”, prática de intervenção em lugares abandonados e já participou de exibições na Alemanha, Portugal, Israel e Chile.



A pretensão do artista é principalmente a crítica em relação a alienação da sociedade e da mídia e instiga a revolta organizada da população. Os dois temas mais recorrentes em suas obras são pássaros - fazendo alusão à liberdade - e a representação de pessoas com tarjas na boca, indicando que a sociedade está calada diante dos males que a afligem. Em seus desenhos estão inseridas a temática de crítica social.



“O povo faz papel de mudo e de cego e é isso que eu passo em meus retratos. Cegos porque são alienados em uma TV e em uma mídia que nem sempre transmite a verdade e ‘lava’ seus cérebros. Esse é o poder que esse tipo de arte tem que ter: abrir os olhos. Protesto e revolta. O ideal é protestar mesmo, colocar sua expressão na parede. Fazendo seu trabalho com amor e pureza as pessoas vão sentir seu trabalho”, acredita L7M.



O objetivo de sua arte é incomodar e questionar, revertendo sentimentos imagéticos em cores e traços. L7M é conhecido pela simplicidade das cores, os agitados traços de tinta e as geometrias livres, relacionadas a temas variados, gerando nas pessoas sentimentos contraditórios e incômodos.

Texto: Isabela Zampier



Nenhum comentário:

Postar um comentário