sábado, 3 de agosto de 2013

Artes Visuais na Tropicália

Ao se falar em Tropicalismo é mais comum associar o movimento à sua produção musical que, realmente, se tornou a área mais expressiva dessa corrente artística entre o grande público. Porém, foi nas artes plásticas que a palavra Tropicália ganhou significado inicial e adquiriu as feições gerais que mais tarde a consagrariam.
Em abril de 1967, o Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro recebia a exposição Nova Objetividade Brasileira, e nela Hélio Oiticica, que se tornaria o maior nome das artes plásticas do tropicalismo, apresentava a instalação Tropicália, um ambiente em forma de labirinto com plantas, areia, araras, um aparelho de TV e capas de Parangolé (um tipo de obra de arte feita para ser usada como roupa).

Tropicália, Hélio Oiticica


O País passava pelo período de ditadura militar e isso se refletia na mostra. Se tratava de uma resposta ou uma provocação contra as condições de vida dentro de uma sociedade determinada por um trabalho autoritário e com uma parcela significativa da população vivendo na pobreza à margem da modernidade industrial. Depois de "Tropicália", a obra, surge "Tropicália”, a música de Caetano Veloso, que daria título ao movimento.

Álbum "Caetano Veloso" de 1967 que inclui a faixa "Tropicália"

As artes visuais tropicalistas possuem como característica o uso da emoção e simplicidade com o uso de elementos tipicamente brasileiros. Os artistas dessa corrente buscavam passar sua mensagem e ideologia em suas obras de modo compreensível para as massas, sem a presunção de querer elevar o gosto médio do público e muitas vezes era incentivada a interação do espectador com a obra.
Muitos dos envolvidos com o movimento eram do círculo do concretismo brasileiro e é possível notar uma influência dessa vanguarda nas produções tropicalistas. A principal meta desses artistas era a produção de uma arte de vanguarda que não tivesse que copiar as técnicas e ideias dos grandes centros internacionais, mas falasse ao povo brasileiro e que impusesse uma imagem tipicamente nacional.


Sem título, Ivan Serpa

"Tropicália é a primeiríssima tentativa consciente, objetiva, de impor uma imagem obviamente brasileira ao contexto atual da vanguarda e das manifestações em geral da arte nacional. Tudo começou com a formulação do Parangolé, em 1964, com toda a minha experiência com o samba, com a descoberta dos morros, da arquitetura orgânica das favelas cariocas (e conseqüentemente outras, como as palafitas do Amazonas) e principalmente das construções espontâneas, anônimas nos grandes centros urbanos – a arte das ruas, das coisas inacabadas, dos terrenos baldios, etc."

Hélio Oiticica


Alguns nomes das Artes Plásticas no tropicalismo: Hélio Oiticica, Lygia Clark, Lygia Pape e Ivan Serpa.

Sem título, Carlos Vergara

Texto: Letícia Abelha 

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