Ismael
Nery nasceu em Belém do Pará, em 1900, e se mudou para o Rio de Janeiro quando
ainda era criança, tendo se interessado por artes desde jovem. Dedicou-se à pintura e ao desenho sem nunca
limitar seu campo de atuação, porém é principalmente pelas suas obras de
caráter surrealista que ele é lembrado.
Foi também poeta e deixou uma obra escrita de reflexões teóricas.
Ismael Nery
Durante
sua vida, nunca se descreveu como um artista, pois não queria se dedicar
profissionalmente a esse ofício. Suas
pinturas seriam um suporte através do qual ele formulava uma parte de suas
reflexões metafísicas: uma materialização de suas ideias sobre as necessidades
universais do homem.
Ismael Nery - Duas figuras
Em
1920, Ney foi para Paris estudar, passando três meses na Académie Julien.
Enquanto na Europa, teve contato com o modernismo através das pinturas de
artistas cubistas como Pablo Picasso, Georges Braque e André Lhote. Ele também mostrou interesse em artistas
modernos italianos, como o surrealista Giorgio de Chirico.
Ismael Nery - Resignação diante do irreparável
Voltando
ao Brasil, se casou com Adalgisa Nery, a musa de suas principais pinturas. Embora ele trabalhasse com o modernismo, seus
temas o diferiam do modernismo brasileiro da famosa Semana de Arte Moderna de
1922 por Nery não ter interesse em temas nacionalistas. Suas pinturas eram
antes universais, sem a preocupação do tempo e espaço, com suas figuras
aparecendo em cenários imaginários sem referências no mundo real.
Ismael Nery - Auto-retrato com Adalgisa
Ismael
Nery morreu jovem, aos 34 anos, vítima de tuberculose. Seus trabalhos receberam
reconhecimento póstumo após serem exibidos nas Bienais de 1965 e de 1969 e da
retrospectiva de sua obra realizada pelo Museu de Arte Moderna de São Paulo, em
1966. Hoje, é considerado o principal expoente do surrealismo na pintura
brasileira. Seu trabalho influenciou profundamente a obra de Murilo Mendes,
poeta e amigo, que foi tão abalado por sua morte que seus escritos mudaram
consideravelmente de tema após o acontecimento.
Texto: Letícia Abelha
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