Atualmente,
já não se discute mais se o grafite é arte. Ele conquistou seu espaço nas ruas
e também já se faz presente nos museus em todo mundo. A manifestação artística
alcançou o patamar de arte contemporânea, estando presente no mobiliário urbano
de grandes cidades e integrando ludicamente e criticamente com a sociedade.
Surgido
na década de 1970 nos Estados Unidos, o grafite veio como forma de protesto e
serviu de suporte para manifestações de caráter político no movimento
contracultural em maio de 1968 em Paris, quando os muros foram pintados. Na
mesma década o grafite chegou no Brasil e ganhou uma identidade própria.
O
preconceito por parte da sociedade gera uma série de polêmicas, enquadrando-o
como poluição visual e vandalismo. Apesar disso, com seu reconhecimento como
forma de arte, governos oferecem incentivos para tal expressão artística.
Muitos grafites são feitos sem a autorização do proprietário, porém eles
apresentam um objetivo e uma justificativa e estão ali para passar um recado.
Um
brasileiro que tem sido destaque em exposições aqui no Brasil e no mundo é o
paulista Luis Gustavo Martins, de 25 anos, conhecido como L7M. Seus desenhos
são realistas e com cores vibrantes. Desenhando desde os 13 anos, L7M
participou de diversos concursos quando criança, ganhando prêmios culturais. Autodidata,
o artista é adepto do “urbex”, prática de intervenção em lugares abandonados e
já participou de exibições na Alemanha, Portugal, Israel e Chile.
A
pretensão do artista é principalmente a crítica em relação a alienação da
sociedade e da mídia e instiga a revolta organizada da população. Os dois temas
mais recorrentes em suas obras são pássaros - fazendo alusão à liberdade - e a
representação de pessoas com tarjas na boca, indicando que a sociedade está
calada diante dos males que a afligem. Em seus desenhos estão inseridas a
temática de crítica social.
“O
povo faz papel de mudo e de cego e é isso que eu passo em meus retratos. Cegos
porque são alienados em uma TV e em uma mídia que nem sempre transmite a
verdade e ‘lava’ seus cérebros. Esse é o poder que esse tipo de arte tem que
ter: abrir os olhos. Protesto e revolta. O ideal é protestar mesmo, colocar sua
expressão na parede. Fazendo seu trabalho com amor e pureza as pessoas vão
sentir seu trabalho”, acredita L7M.
O
objetivo de sua arte é incomodar e questionar, revertendo sentimentos
imagéticos em cores e traços. L7M é conhecido pela simplicidade das cores, os
agitados traços de tinta e as geometrias livres, relacionadas a temas variados,
gerando nas pessoas sentimentos contraditórios e incômodos.
Texto:
Isabela Zampier
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