sexta-feira, 30 de agosto de 2013

A vertente social exposta nas fotografias de Alexandre Severo


Nascido em 1978, em Recife, Pernambuco, Alexandre Severo iniciou sua carreira como fotógrafo em 2002. Graduou-se na Universidade Católica de Pernambuco em 2011 e cursou fotografia na FAAP de 2012 a 2013. Trabalhou como fotógrafo no Jornal do Commercio de 2005 a 2011, e atualmente é uma artista independente inserido na cidade de São Paulo.



Em 2009, Alexandre ganhou maior notoriedade ao produzir o ensaio “À flor da pele”, para o Jornal do Commercio, que serviria como um complemento à reportagem do jornalista João Valadares. A matéria e as imagens retratavam o dia a dia dos irmãos Ruth, Estaphany e Kauan, que nasceram albinos em uma família de negros, e narrava as dificuldades que as crianças sofriam, já que os pais eram pobres e não tinham condições de comprar protetor solar para que os meninos pudessem sair às ruas.



Nas palavras do próprio Valadares, "Nasceram sem cor, numa família de pretos. Três irmãos que sobrevivem fugindo da luz, procurando alegria no escuro. O mais novo diz que é branco vira-lata. Os insultos do colégio viraram identidade. A mãe cochicha que são anjinhos. Eles têm raça sim. São filhos de mãe negra. O pai é moreno. Estiraram língua para as estatísticas e, por um defeito genético, nasceram albinos. Negros de pele branca. A chance dos três nascerem assim na família, era de uma em um milhão. Nasceram. Dos cinco irmãos, apenas a mais nova é filha de outro pai. Esta é a história do contrário."



Contudo, as imagens delicadas e carregadas de informação produzidas por Alexandre acabaram sobressaindo a própria reportagem, e ganharam as notícias e sites do Brasil. De uma forma delicada, mas sem perder o impacto do tema retratado, o fotógrafo criou um registro comovente e visceral acerca da história de vida da família e dos chamados “galeguinhos de Olinda.”


Em outro ensaio, denominado de “Vaqueiros”, 2006, Alexandre documenta a Missa do Vaqueiro, que acontece no sertão de Pernambuco, na cidade de Serrita, e as pessoas que a ela comparecem. O resultado é um retrato real e belo dos sertanejos da região e de sua cultura tão latente. Dessa forma, o que se pode aferir do trabalho de Severo é que a questão social recebe protagonismo e importância em seus registros.




O artista já publicou fotografias na Revista Time, Revista S/N e diversos outros veículos, tanto em âmbito nacional como internacional. Expôs trabalhos na 5ª Bienal Argentina de Fotografía Documental, Paraty em Foco, em 2009, Tate Modern, em Londres, dentre outros. 


Texto: Júlia Boaventura

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