sábado, 31 de agosto de 2013

O impacto da criatividade e imagens fortes nas campanhas contra o cigarro

Dia 29 de agosto se comemora o Dia Nacional do Combate ao Tabaco. Com campanhas cada vez mais comuns no cotidiano dos brasileiros, é impossível não notar na aposta de governos, fundações e outros órgãos de todo o mundo, na abordagem forte, impactante e altamente criativa utilizada para tratar do assunto.
Com dados positivos, uma pesquisa realizada pelo Ministério da Saúde constatou que o número de fumantes brasileiros com mais de 18 anos caiu 20% nos últimos seis anos. Assim como afirmou o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, este é justamente o resultado do massivo investimento em ações de prevenção e controle do uso do tabaco.


As campanhas estão em todas as partes. Uma delas, realizada por um hotel em Florianópolis, utiliza toalhas que, quando enroladas, assemelham-se a um cigarro por estarem envoltas a um papel marrom. O efeito da mensagem se completa com a frase “Não jogue a toalha na luta contra o cigarro”.


Associação de Defesa da Saúde do Fumante (Adesf), criada em 2012, apostou em anúncios que faziam uma analogia entre plantas de uma aeronave e um foguete com o cigarro. Ao abusar do preto e branco, a mensagem de hostilidade, quebra e fragilidade se transmite perfeitamente com a assinatura, que completa: “Seu corpo é uma máquina 10 vezes mais complexa. E fumar pode danificar qualquer parte dele”.


Posteriormente, a ADESF lançou outra campanha contra o fumo, mantendo a sua marca de anúncios que exploram o preto e o branco para transmitir o cigarro, assim como a relação entre elementos diversos (objetos, ações etc) e o cigarro. Desta vez, órgãos do corpo humano transmitiam a sensação de estarem queimando ou fumando por emitirem fumaça.



A diminuição da frequência de fumantes passivos também apresenta números para se comemorar: passou de 12% para 10% no ano passado, de acordo com a pesquisa. Ainda assim, 53 mil fumantes passivos morrem por ano em todo o mundo. Os números se refletem na quantidade de campanhas que contemplam os não fumantes que convivem com fumantes, seja em ambiente de trabalho quanto doméstico.
A Fundação de Câncer do Pulmão (em inglês, LungCancer Foundation), uma das maiores instituições filantrópicas americanas atuante na erradicação e controle do câncer de pulmão, lançou uma campanha que foca em crianças que todos os dias respiram as substâncias nocivas do tabaco em suas casas. No cartaz divulgado abaixo, a criança segura uma boneca com uma das mãos e um cigarro na outra, que aparenta ser um braço de uma mulher fumante. A frase do anúncio “Fumo passivo hospitaliza 17 mil pessoas no Reino Unido todo o ano” completa a mensagem passada.


Outra campanha voltada para crianças que fumavam passivamente foi promovida pela Corporação Chilena Contra o Câncer (Conac, Chilean Corporation Against Cancer em inglês). Mais um anúncio que explora do preto e branco para transmitir certa hostilidade e fortes imagens, a campanha utiliza crianças respirando a fumaça do cigarro, que em sua forma de sacolas, parece que elas estão sendo sufocadas. E completa: “Fumo não é apenas suicídio. É assassinato”.


Não são as propagandas de antitabagismo que levam as pessoas a pararem de fumar. De fato, isso é uma decisão de cada um por demandar muita força de vontade. O que estamos acostumados a ver são as imagens divulgadas pelo Ministério da Saúde que, em geral, mostram exemplos do que o cigarro causa ao organismo do fumante. São imagens chocantes, mas que já estão assimiladas pela nossa memória, e já não causam o mesmo efeito. Quando essas empresas investem em novas formas de tratar este tema, criando imagens muito mais criativas, isso choca o público de uma maneira totalmente nova. O que as imagens mostram em ambas as situações são os efeitos do hábito de fumar, porém a forma como foram passados apelam para a sutileza, no caso das toalhas; para a inteligência com as imagens do avião e da aeronave; para o visual no caso dos órgãos montados de cigarros; e, talvez de forma mais pesada e forte, nas propagandas que abordam o fumo passivo, pois trazem a imagem de crianças.


Texto: Caíque Verli, Jéssica Santana, Ana Paula Lopes, Thaiss Moreira e Andrezza Vieira

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