Importante centro de divulgação de manifestações de
arte e de conceitos de conservação e restauração, a Galeria de Arte Nello Nuno,
em Ouro Preto, recebeu esse nome em homenagem ao artista viçosense, que
pertence à geração de artistas mineiros que se firmaram a partir de 1962.
Nascido em Viçosa em 1939, o pintor e desenhista
foi autodidata e é considerado uma lenda das artes de Minas Gerais e o precursor
da pintura neo-expressionista dos anos 80. Vindo de uma família de artistas,
Nuno passou a desenvolver a pintura inspirado na mãe, que também pintava. Ainda na infância, mudou-se para Belo
Horizonte, onde teve a influência de vários outros artistas da época.
Em 1965,
já casado com a também artista Annamélia, o casal se mudou para a cidade de Ouro
Preto com os dois filhos. Lá, Nuno viveu de sua arte e marcou a cena artística
do período. Junto com a esposa, fundam uma escola de arte que mais tarde seria absorvida pela Fundação de Arte de Ouro Preto (FAOP), entidade vinculada a
Secretaria de Estado de Cultura de Minas Gerais. O artista faleceu em 1975, aos
35 anos, deixando um grande legado artístico inesquecível.
Além de pinturas, o artista também se dedicava a
aquarelas, colagens, poemas e ilustrações, com exposições concentradas
praticamente em Minas Gerais. Críticos definem sua obra como “arrojada,
múltipla, lírica e plasticamente poderosa”, influência da personalidade de
Nuno, seu jeito brincalhão, afetuoso e boêmio. Ele retirava o essencial para a
sua arte das coisas simples e corriqueiras, e, ainda, da boa e fraterna
convivência com colegas, família e com a cidade.
Seu período na cidade de Ouro Preto teria marcado
sua obra pelo trânsito de informações, diálogos com artistas e críticos de
outros centros. Sua obra despontou pela inteligência plástica, defesa da
liberdade criativa, uso de cores vibrantes, bom humor e multiplicidade de
formas e linguagens. Em suas pinturas, ele conseguia discutir pintura,
considerando importante o artista brincar com sua obra. A força e magnitude de
sua obra foi um dos fatores responsáveis pelo ressurgimento artístico e
cultural de Ouro Preto a partir dos anos 1970.
Em sua última entrevista concedida aos alunos da
Escola Guignard de Belo Horizonte, onde era professor, Nuno expõe claramente seu
modo de agir e pensar, ao impor a vida à arte e ressaltar a importância de se
viver livremente, sem amarras sociais, políticas e intelectuais.
Suas produções mais conhecidas são Beijagira, uma
mistura de beija- flor com girassol, e Surubicha, um “peixe-bicha”.
Suas obras estão expostas em acervos públicos como
o Centro Cultural da UFMG, Museu Mineiro, BDMG Cultural, Aeroporto de Confins e
Pinacoteca da Universidade Federal de Viçosa.
Hoje, sua cidade natal lhe presta uma homenagem,
realizando anualmente o Salão de Arte Nello Nuno.
Texto: Isabela Zampier
Nenhum comentário:
Postar um comentário