segunda-feira, 1 de julho de 2013

Maus – a história de um sobrevivente

Maus é um quadrinho norte americano de Art Spiegelman, que traz a história de um sobrevivente de Auschwitz retratada pelo filho do sobrevivente. Art Spiegelman transcende os gêneros mais comerciais nos quadrinhos, como os de super heróis, por exemplo, para inovar na narrativa, trazendo à oitava arte um relato autobiográfico complexo, rico em detalhes, dramático e com humor sutil.
Spiegelman ouve o relato do seu próprio pai, Vladek, um judeu polonês que sobreviveu ao Holocausto. No quadrinho, Spiegelman retrata os judeus como ratos (em alemão: maus), os alemães como gatos e os norte-americanos como cães. Além dos poloneses serem retratados como porcos, franceses como sapos, russos como ursos e ingleses como peixes.




A relação entre os animais escolhidos não é pura coincidência, os ratos são a visão perfeita dos nazistas quanto aos judeus, animais insignificantes, porém praga de difícil extermínio devido ao grande número populacional. Os alemães nazistas naturalmente seriam gatos, inimigos naturais dos ratos, assim também são os norte-americanos, retratados como cachorros, perseguidores naturais dos gatos.
A obra começa com o encontro de Art com seu pai e em diálogo entre os dois é lembrado por Vladek a possibilidade da construção de um livro sobre a história da família. Durante o quadrinho, Vladek conta a Art desde como conheceu a mãe dele até o dia em que chegou aos Estados Unidos depois de sobreviver aos campos de concentração e toda barbaridade proporcionada pelos nazistas. A obra conta com detalhes toda a atrocidade dos campos de concentração, as experiências de Vladek, seus amigos e familiares durantes a guerra. Além de Auschwitz, a HQ mostra as dificuldades que os judeus passaram para se alimentar, para se esconderem, demonstra o medo constante, o terror psicológico que era viver em tempos de guerra, e pior, em tempos de guerra em que você era a presa de gatos famintos e não tinha outra opção a não ser se esconder.
O autor da obra não esteve nos campos de concentração e sim seu pai. Vladek é um contador de histórias. Conta a sua história ao filho, Art é um repórter, ele serve como uma mídia, uma mídia cheia de parcialidade e emoções pessoais que conta a história de seu pai. A narrativa dos quadrinhos tem a possibilidade de se aproximar do contador de histórias de Benjamin, ainda que não o resgate plenamente, seria então alguém que escutou o contador de histórias e resolveu dar seguimento a elas. Spiegelman repassa as histórias para um novo público.
O autor conta os relatos do seu pai através de imagens, de narrativas imagéticas nas quais o receptor tem a liberdade de controlar o tempo de leitura da informação.
Os quadrinhos incorporam o conceito de arte-sequencial. Este termo indica uma preocupação com a arte de narrar através de imagens sucessivas em seus diversos enquadramentos (como no cinema), as relações entre texto e imagem permite maiores possibilidades artísticas e narrativas que outras artes, como a fotografia por exemplo.

Texto: Rodrigo Cupertino, Lucas Gandra, Hugo Amichi e Everton Marques 

Nenhum comentário:

Postar um comentário