Maus é um quadrinho norte americano de Art Spiegelman, que traz a
história de um sobrevivente de Auschwitz retratada pelo filho do sobrevivente. Art
Spiegelman transcende os gêneros mais comerciais nos quadrinhos, como os de
super heróis, por exemplo, para inovar na narrativa, trazendo à oitava arte um
relato autobiográfico complexo, rico em detalhes, dramático e com humor sutil.
Spiegelman ouve o relato do seu próprio pai, Vladek, um judeu polonês que
sobreviveu ao Holocausto. No quadrinho, Spiegelman retrata os judeus como ratos
(em alemão: maus), os alemães como gatos e os norte-americanos como cães. Além
dos poloneses serem retratados como porcos, franceses como sapos, russos como
ursos e ingleses como peixes.
A relação entre os animais escolhidos não é pura coincidência, os ratos
são a visão perfeita dos nazistas quanto aos judeus, animais insignificantes,
porém praga de difícil extermínio devido ao grande número populacional. Os
alemães nazistas naturalmente seriam gatos, inimigos naturais dos ratos, assim
também são os norte-americanos, retratados como cachorros, perseguidores
naturais dos gatos.
A obra começa com o encontro de Art com seu pai e em diálogo entre os
dois é lembrado por Vladek a possibilidade da construção de um livro sobre a
história da família. Durante o quadrinho, Vladek conta a Art desde como
conheceu a mãe dele até o dia em que chegou aos Estados Unidos depois de
sobreviver aos campos de concentração e toda barbaridade proporcionada pelos
nazistas. A obra conta com detalhes toda a atrocidade dos campos de
concentração, as experiências de Vladek, seus amigos e familiares durantes a
guerra. Além de Auschwitz, a HQ mostra as dificuldades que os judeus passaram
para se alimentar, para se esconderem, demonstra o medo constante, o terror
psicológico que era viver em tempos de guerra, e pior, em tempos de guerra em
que você era a presa de gatos famintos e não tinha outra opção a não ser se esconder.
O autor da obra não esteve nos campos de concentração e sim seu pai.
Vladek é um contador de histórias. Conta a sua história ao filho, Art é um
repórter, ele serve como uma mídia, uma mídia cheia de parcialidade e emoções
pessoais que conta a história de seu pai. A narrativa dos quadrinhos tem a
possibilidade de se aproximar do contador de histórias de Benjamin, ainda que
não o resgate plenamente, seria então alguém que escutou o contador de
histórias e resolveu dar seguimento a elas. Spiegelman repassa as histórias
para um novo público.
O autor conta os relatos do seu pai através de imagens, de narrativas
imagéticas nas quais o receptor tem a liberdade de controlar o tempo de leitura
da informação.
Os quadrinhos incorporam o conceito de arte-sequencial. Este termo indica
uma preocupação com a arte de narrar através de imagens sucessivas em seus
diversos enquadramentos (como no cinema), as relações entre texto e imagem
permite maiores possibilidades artísticas e narrativas que outras artes, como a
fotografia por exemplo.
Texto: Rodrigo Cupertino, Lucas Gandra, Hugo Amichi e Everton Marques
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