quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

As grandes mulheres que (não) fizeram história na arte brasileira

                                                                                                                                     Thalita Fernandes



Em meio a tantas lutas e manifestações feministas em busca pela igualdade de gênero, vemos ainda, dois extremos: a desvalorização da mulher, sendo subjugada, tratada como inferior; e a busca por reconhecimento que por vezes se mostra exagerada, afetando até mesmo sua visão de conduta.
Eu acho que cada um tem que ser um pouco feminista. Não saindo pela rua com os seios a mostra em manifestações, mas buscando suas conquistas na sociedade através da imposição por respeito, pela mostra de valores e principalmente pelo trabalho.
Bom, tratando desse aspecto, o texto de hoje é “Os gêneros da arte: mulheres escultoras na belle époque brasileira” da autora Ana Paula Simioni. A escolha do texto se deu pela recorrência do tema. Ainda lutamos por reconhecimento do trabalho feminino, mas essa busca pela conquista de um espaço começou há tempos.
Dois nomes são muito citados ao longo do artigo: Julieta de França e Nicolina Vaz de Assis. O motivo? Mulheres com um pensamento muito a frente de seu tempo, capazes de destacar-se em meio aos homens pela capacidade e dedicação pela arte no Brasil em pleno século XIX. Infelizmente nenhum dos dois nomes é tão conhecido hoje em dia. Se você digitar “Julieta de França” no Google, não encontrará quase nada. Mesmo assim, vale a pena pesquisar mais um pouquinho e saber a fundo sobre essas duas mulheres que foram as percussoras nas artes plásticas e no meio acadêmico brasileiro.
Ambas foram mulheres que enfrentaram os preconceitos na academia e se matricularam nas disciplinas de artes plásticas para fazer disso sua profissão – o que até então era considerado passatempo para as mulheres. Mesmo com o título de “amadoras” conseguiram sair do Brasil e ficaram cerca de cinco anos estudando na Académie Julian, França. Nicolina foi financiada por seu marido e Julieta conseguiu uma bolsa de estudos pela Enba, onde estudava.
Voltaram para o Brasil em busca de fazer história, mas isso não aconteceu. Em uma disputa pela melhor maquete homenageando a República brasileira, Julieta não obteve sucesso, e não satisfeita com o resultado, reivindicou seus direitos, contrapondo a sociedade machista da época. Infelizmente Julieta bateu de frente com o diretor Rodolfo Bernardelli que controlava quase todas as transações do ramo artístico na época e isso desencadeou o fim das obras e sucesso de uma grande escultora brasileira.
Nicolina foi um pouco mais cautelosa e obteve mais sucesso. Em meio a tantos homens, se destacou por sua sensibilidade, não contrapôs ninguém e seguiu com seu trabalho, mostrando sua força. Hoje tem como grande obra a Fonte Monumental, situada na Praça Júlia Mesquita em São Paulo.

Esse é o exemplo de duas mulheres que batalharam seu espaço e merecem ser lembradas. Além disso, servem de inspiração para nós, mulheres que vivem em uma sociedade contemporânea, com tecnologia do século XXI e cabeça do século XIX.

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