Thalita Fernandes
Em meio a tantas lutas e manifestações
feministas em busca pela igualdade de gênero, vemos ainda, dois extremos: a
desvalorização da mulher, sendo subjugada, tratada como inferior; e a busca por
reconhecimento que por vezes se mostra exagerada, afetando até mesmo sua visão
de conduta.
Eu acho que cada um tem que ser um
pouco feminista. Não saindo pela rua com os seios a mostra em manifestações,
mas buscando suas conquistas na sociedade através da imposição por respeito,
pela mostra de valores e principalmente pelo trabalho.
Bom, tratando desse aspecto, o texto de
hoje é “Os gêneros da arte: mulheres escultoras na belle époque
brasileira” da autora Ana Paula Simioni. A escolha do texto se deu pela
recorrência do tema. Ainda lutamos por reconhecimento do trabalho feminino, mas
essa busca pela conquista de um espaço começou há tempos.
Dois nomes são muito citados ao longo
do artigo: Julieta de França e Nicolina Vaz de Assis. O motivo? Mulheres com um
pensamento muito a frente de seu tempo, capazes de destacar-se em meio aos
homens pela capacidade e dedicação pela arte no Brasil em pleno século XIX.
Infelizmente nenhum dos dois nomes é tão conhecido hoje em dia. Se você digitar
“Julieta de França” no Google, não encontrará quase nada. Mesmo assim, vale a
pena pesquisar mais um pouquinho e saber a fundo sobre essas duas mulheres que
foram as percussoras nas artes plásticas e no meio acadêmico brasileiro.
Ambas foram mulheres que enfrentaram os
preconceitos na academia e se matricularam nas disciplinas de artes plásticas para
fazer disso sua profissão – o que até então era considerado passatempo para as
mulheres. Mesmo com o título de “amadoras” conseguiram sair do Brasil e ficaram
cerca de cinco anos estudando na Académie Julian, França. Nicolina foi
financiada por seu marido e Julieta conseguiu uma bolsa de estudos pela Enba,
onde estudava.
Voltaram para o Brasil em busca de
fazer história, mas isso não aconteceu. Em uma disputa pela melhor maquete
homenageando a República brasileira, Julieta não obteve sucesso, e não
satisfeita com o resultado, reivindicou seus direitos, contrapondo a sociedade
machista da época. Infelizmente Julieta bateu de frente com o diretor Rodolfo
Bernardelli que controlava quase todas as transações do ramo artístico na época
e isso desencadeou o fim das obras e sucesso de uma grande escultora
brasileira.
Nicolina foi um pouco mais cautelosa e
obteve mais sucesso. Em meio a tantos homens, se destacou por sua sensibilidade,
não contrapôs ninguém e seguiu com seu trabalho, mostrando sua força. Hoje tem
como grande obra a Fonte Monumental, situada na Praça Júlia Mesquita em
São Paulo.
Esse é o exemplo de duas mulheres que batalharam seu espaço e merecem
ser lembradas. Além disso, servem de inspiração para nós, mulheres que vivem em
uma sociedade contemporânea, com tecnologia do século XXI e cabeça do século
XIX.
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