Júlia Pellizzari, Pedro Cursi e Pedro Lavigne
A Land Art, também conhecida como Earth Art ou Earthwork é um tipo de arte onde o terreno natural é alterado pelo homem, tornando-se ele mesmo, a própria obra de arte. Grandes partes de terra são removidas e recolocadas em novos locais, alterando profundamente a paisagem natural.
A Land Art surgiu no final da década de 60, em parte como consequência de uma insatisfação crescente em relação a monotonia cultural, em parte como expressão de um desencanto relativo à sofisticada tecnologiada cultura industrial, bem como ao aumento do interesse às questões ligadas à ecologia. O conceito estabeleceu-se numa exposição organizada na Dwan Gallery, Nova York, em 1968, e na exposição Earth Art, promovida pela Universidade de Cornell, em 1969.
Exemplo de uma obra de Land-art
É um tipo de arte que, por suas características, não é possível expor em museus ou galerias (a não ser por meio de fotografias). Devido às muitas dificuldades de colocar-se em prática os esquemas de land art, suas obras muitas vezes não vão além do estágio de projeto. Assim, a afinidade com a arte conceitual é mais do que apenas aparente.
Dentre as obras de land art que foram efetivamente realizadas, a mais conhecida talvez seja a Plataforma Espiral (Spiral Jetty), deRobert Smithson (1970), construída no Grande Lago Salgado, em Utah, nos Estados Unidos
Lugar e
não lugar
Lugar é o espaço de pertencimento,
de conforto, onde há a relação de formação
identitária, histórica...
O não
lugar é a outra polaridade disso,
onde não há relação identitária. É o espaço
de passagem, virtual.
A
artista Josely Carvalho se baseia
nessas ideias para seu processo de criação.
Sempre
viajante e morando um tempo em cada local, Josely conta, em entrevista, que
"sentia que vivia em um país que não era meu, que eu não reconhecia como
meu". Até que, diz ela, "me dei conta de que nenhum deles era meu e
nenhum deles eu queria que fosse meu". A artista percebeu, então, que
existe a possibilidade de não ter um
lugar, quando se percebe que todos os lugares são de passagem.
A partir
disso, ela desenvolve trabalhos relacionados a tartaruga tracajá, que carrega seu casco para onde quer que vá. O casco se relaciona à casa, ao corpo, ao
lugar e não lugar simultaneamente, ao espaço, à força e à proteção.
Josely
também desenvolve trabalhos como o Livro
das Telhas - http://bookofroofs.com
- , uma instalação virtual colaborativa, que busca transformar esse espaço da
telha, do abrigo, como um espaço gerador de sentido.
Público e Privado
Para Katia Canton, a arte tem um papel muito importante em descondicionar os nossos sentidos. Atráves da arte, os significados nos são apresentados de diferentes formas, reestruturados em ordens diferentes das convencionais. Isso nos estimula a percebe-los e organiza-los, nos estimula a questionar e a construir nossa visão de mundo.
Na contemporaneidade, é muito comum o estudo e a preocupação com a relação do espaço e da vida pública com a privada. Vivemos hoje numa sociedade em que é cada vez mais tênue a a fronteira que separa essas duas esferas da vida. Por um lado vivemos num mundo globalizado onde a vida pessoal e as informações são, progressivamente, mais públicas. Por outro, com o aumento da criminalidade e da violencia urbana temos espaços que são, por sua vez, deixados de lado, causando uma diluição no sentido de espaço público. É possível indentificar uma série de conflitos que surgem da relação do público e do privado na contemporaneidade. Como nos mostra Katia Canton, o grafite é uma forma eficiente de furar esse paradigma dos espaços públicos que se tornam “espaços de ninguém”.
A
supressão das distâncias
Paul
Virilio, urbanista
e pensador francês, em seus estudos sobre política e velocidade, fala da poluição dromosférica. Essa poluição,
segundo ele, é causada pela amplificação da eletro-ótica e acústica ao longo do
nosso dia-a-dia, o que torna tudo mais
rápido por achatar o espaço em que as experiências acontecem.
Com
o achatamento do espaço, a
experiência do deslocamento, do percurso, dos lugares por onde passamos também
é diminuída. Com isso, diminui-se a percepção subjetiva... que diminui a
sensibilidade, a arte, o cuidado. E assim aumenta a ideia de produtividade, do
racional acima de todo o resto.
A
artista Brígida Baltar tenta
enxergar o lugar no não lugar, lançando um olhar afetivo e sensível sobre as
coisas. Em um de seus trabalhos, ela condensa e coleta coisas “incoletáveis”
como neblina, orvalho, maresia e os guarda em receptáculos. O objetivo da obra
é alargar o tempo da memória, tão
diminuído na contemporaneidade.
Segundo
a artista, o trabalho é mais existencial do que estético e, com isso, ela busca
a contemplação da subjetividade.
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