Intervencionando: a arte como meio para questionar e transformar a vida urbana cotidiana

Por Bruna Guimarães e Jéssica Miranda

           Uma das manifestações artísticas do século XXI, as intervenções artísticas nos ambientes urbanos, trouxeram novas possibilidades visuais que antes não eram exploradas ou sequer imaginadas. Esse processo se refere a uma interferência artística no espaço urbano e é voltada para uma experiência estética que procura produzir novas maneiras de perceber o cenário urbano e criar relações afetivas com a cidade.  As intervenções variam nas suas estruturas, mas pode ter um apelo reflexivo, político-social, didático, confrontador, ideológico ou simplesmente humorístico.

             Nossa intervenção aconteceu em uma manhã chuvosa de sexta-feira e o local escolhido foi a praça da Igreja Matriz, que assim como em tantos outros munícipios do interior, em Viçosa também é vista como o coração da cidade. Um grande número de pessoas circula ali todos os dias e nesta sexta encontraram algo diferente pelo caminho.

       

Os grupos se organizaram nas mais variadas formas de intervenção. Haviam cartazes pendurados em um varal por volta de todo coreto. A estrutura foi montada em dois eixos: o eu, concretizado em uma montagem com objetos que geravam um reflexo retorcido para quem o olhava, e o ambiente, exemplificado com colagens que reuniam palavras refletindo a realidade contemporânea como a consumimos e a solidão urbana.

        Outro grupo preferiu interagir diretamente com quem passasse pela praça. Frases positivas foram escritas em pequenos pedaços de papel, que foram dobrados e colocados em um envelope. Quem passasse poderia sortear ali de dentro uma palavra gentil para alegrar o seu dia. Frases como “Ame você mesmo”, “Você é capaz”, “Carpe Diem”, “Dê um sorisso”, “Fique mais com a família” “Todo dia é um recomeço” e “Diga mais eu te amo” foram algumas das retiradas pelos que passavam. Alguns origamis também foram colocados no envelope, um presente para quem tivesse a sorte de pega-los.

           O fim da intervenção foi marcado por poesia, dança e música. O Vista Poesia foi para coreto da praça! O projeto pretende experimentar diferentes linguagens artísticas para valorizar os nuances poéticos que perpassam o cotidiano. Na intervenção de sexta, trechos de poesias foram escritos pelo corpo dos dançarinos, que foram embalados pela música ao vivo. A performance chamou atenção e seja por curiosidade, estranhamento ou admiração, muitos passavam atentos observando.