Por Karina Mendes, Ana Clara de Assis,
Ingrid Carraro
Camila Santos, Ronan Dos Santos e André Barbalho
Camila Santos, Ronan Dos Santos e André Barbalho
Miriam Hansen abre o texto “Benjamin, cinema e experiência: a flor azul na terra da tecnologia” com uma citação de “A obra de arte na era da sua reprodutibilidade”. Nela, Benjamin faz uma crítica sobre o modo como o cinema gera, de certa forma, a autoalienação humana usando o trecho “na representação dos seres humanos através do aparelho, a autoalienação humana encontrou uma realização sumamente produtiva.”.
Esta é a diferença entre a distração (promovida pela rapidez com a qual o cinema é assimilado) e o recolhimento necessário para se abordar uma obra de arte. Isso levará, posteriormente, à discussão sobre obra para ser recebida pelas massas versus obra para apreciadores específicos e também sobre a “pobreza experiencial”.
A autora destaca a influência do cinema Brechtiano no ensaio de Benjamim. Muitos autores consideram o cinema como uma arte que gera recepção pouco reflexiva, na medida em que direciona a visão do espectador, tornando-o um ser passivo que, afundado na poltrona de uma sala escura, acompanha apaixonadamente uma história construída sob pontos de vista calculados e previamente escolhidos. A pintura e a escultura, diferentemente, possibilitam ao espectador escolher seu caminho de observação. A influência de Brecht se dá na busca por maneiras de estimular uma participação ativa do espectador, despertando nele uma atitude reflexiva. Essa atitude vai ajudar o telespectador a apreender a realidade e a construir significado. E esse é um ponto muito tocado por Benjamin em seu ensaio.
Depois a autora aponta que o contexto em que a obra foi recebida, de marxismo e modernismo, obscureceu os aspectos “incongruentes e ambivalentes da obra”, já que, ela tenta resolver, mas acaba por apontar e trazer mais contradições ao assunto discutido. Ela reforça, ainda, que a função social da arte se transforma quando a questão da autenticidade, do “aqui e agora” da obra de arte, deixa de fazer sentido. Dessa forma, para alguns autores, ao invés de fundar-se no ritual, ela passa a encontrar seu fundamento na política. O cinema foi eleito por Benjamin como a forma artística mais característica do período, uma vez que o seu público era a massa, ao contrário do público da literatura e da pintura: o indivíduo. Ou seja, ele vai implantar as características de um marxismo junto às suas influências brechtianas. Para ele, um filme poderia ter uma função mobilizadora para a política por meio dos procedimentos de choque e distanciamento permitidos pela constante movimentação da câmera que romperia, por sua vez, com a atitude contemplativa. Um exemplo disso é como o cinema foi usado em campanhas nazistas durante a guerra.
Após esse momento, Miriam Hansen destaca a importância do ensaio de Benjamin para o cinema, principalmente quando ele traz as primeiras noções do que seria conhecido como “cinema de atrações”. Esse nome foi dado pelo historiador norte-americano Tom Gunning, que percebeu nos filmes da época seu poder de atrair, seduzir e espantar através de gêneros muitas vezes populares, bizarros, sexuais, grotescos, fantasmagóricos e etc. Ou seja, é exatamente o contraposto ao cinema para fazer refletir.
Então, a autora retoma a ideia exposta anteriormente, do cinema e da fotografia como promotores de uma cultura revolucionária. Um trecho importante é quando a autora diz que “o momento tardio da obra de arte só faz acentuar a modalidade utópica de suas afirmações, deslocando a ênfase de uma definição do que é o cinema para suas oportunidades perdidas e suas promessas não realizadas”. Isso porque Benjamin escreve com uma perspectiva de vanguarda da década de 1920, apesar da obra ter sido publicada em 1936.
Ao se referir sobre aura versus massas, a autora classifica a aura como “uma figura singular, composta de elementos espaciais e temporais: a aparição única de uma coisa distante por mais perto que ela esteja.”. Tal conceito compreende, basicamente, três noções relativas à obra de arte: originalidade, autenticidade e unicidade. O conceito de aura diz respeito, basicamente, a uma existência única da obra de arte; portanto, se conclui que ela não existe em uma reprodução. Já a massa e a reprodutibilidade são as capacidades de reproduzir imagens e projetá-las e/ou divulgá-las em grande escala, para toda uma coletividade de pessoas.
A partir desta reprodutibilidade serial e em massa, foi possível atingir uma parcela maior da população, criando uma integração entre os meios e a sociedade, porém, ao estimularem em níveis tremendos essa “cópia do real”, tais meios acabaram por se tornar os principais causadores da perda da “aura” da obra de arte, que, portanto, torna-se corriqueira e não mais algo único.
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