quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

Gui Tuo Bei, o Monumento

Por Pedro Lavigne


      Nas duas oportunidades em que visitei Inhotim, não pude conter a perplexidade que o monolíto do artista chinês Zhang Huan me desperta. Em ambas as visitas fiquei maravilhado com a imponência de sua escultura: Gui Tuo Bei. A obra consiste em uma coluna de pedra de aproxidamente 6 metros e meio de altura, mas em sua base vemos o rosto do próprio artista preso ao corpo de uma tartaruga. A expressão de esforço no rosto do artista é tão impactante que quase vemos a tartaruga se mexer. 


Se seguimos a coluna de pedra que a tartaruga traz em seu casco, nos deparamos com escrituras chinesas na parte superior da coluna. Ali é narrado a história de Fool, um homem que, apesar da idade avançada, não desiste de mover as montanhas que atrapalham o caminho até a sua casa. Para Fool não importa o tempo que se demora para mover as montanhas, porque para ele essa é uma realização para seus descendentes. “Mover as montanhas não é para mim, mas para meus descendentes. Se não for terminado pelas minhas mãos, eu tenho filhos. Meu filhos tem seus próprios filhos, e assim continuará. Quando nós seguimos fazendo uma geração após a outra, as montanhas permanecem as mesmas. Com o esforço das gerações, entretanto, as montanhas serão menores e menores até sumirem.”  (História tradicional chinesa de Lie Zi, escrita em 460 A.C.)

    





      A tartaruga é um simbolo muito presente e muito representativo para a cultura chinesa. Longevidade, solidez e resistencia são alguns sentidos comuns atribuídos a ela, e na escultura Gui Tuo Bei ela me faz pensar nesse potencial do “esforço das gerações”. Zhang Huan trás consigo a tradição da cultura e da arte chinesa, mas projeta-se tambem para além delas. O artista chinês mostra uma preocupação grande com as relações do homem com a história e a sociedade em suas obras. Além das esculturas, Zhang Huan também é conhecido por suas pinturas, fotografias e performances.

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