Ana Cláudia Richardelli
Bruna Guimarães
Rita de Cássia Lellis
O SURGIMENTO
A
Arte Moderna toma corpo principalmente com as grandes transformações trazidas
pela Revolução Industrial no
século XIX.
O
francês Charles Baudelaire traduziu em suas poesias esse processo de
urbanização das cidades e a mudança em suas visualidades. Criou o termo flâneur
para se referir a quem transitava sem rumo e percebia as entranhas, os detalhes
da cidade moderna.
Com
a industrialização surge a burguesia,
classe social que necessitava de uma nova
forma de arte para se legitimar culturalmente. A partir daí a arte
acadêmica, moldada, passa a dar lugar a propostas construídas por artistas que
surgem em movimentos e contextos singulares, que os críticos sistematizaram
como “ismos”. Nascem assim, correntes
como impressionismo, pós-impressionismo, expressionismo, fauvismo, cubismo,
futurismo, surrealismo.
Surrealismo. Presença de elementos surreais, baseados na fantasia, no inconsciente. Muitas vezes possui ilusões óticas. Salvador Dali é um grande nome desse movimento.
Fauvismo. Apesar do grande uso de cores intensas, busca de estabelecer harmonia, tranquilidade, pureza e equilíbrio nas obras de arte. Henri Matisse é um importante artista desse movimento.
Expressionismo. Forma de expressar sentimentos humanos e emoções intensas como medo, angústia, dor, etc. Pinturas de caráter dramático e subjetivo.
Vincent
Van Gogh foi o principal precursor. Outro importante pintor expressionista foi
Edvard Munch, autor da conhecida obra O Grito (imagem acima).
O DESEJO PELO NOVO
O
desejo pelo novo, pelo diferente foi o grande propulsor da Arte Moderna.
Independente da singularidade de cada movimento, todos os artistas tinham suas
aspirações de artes ligadas a noção do novo
e de ruptura com aquilo que já havia de existente. O desejo era fazer
uma arte contestadora, inovadora, que refletisse o tempo dos
artistas.
Importância da fotografia
Inventada
em 1820 e aprimorada em 1839, a fotografia
teve impacto enorme sobre a arte no século XIX. Ela cumpriria o papel de
registrar pessoas, paisagens e fotos históricos, função que até o momento cabia
aos artistas. Com isso, eles passaram a ter mais liberdade para criar e realizar novas pesquisas e experimentos
sobre a arte.
Para
um melhor entendimento da arte é importante aliar a sensibilidade pessoal do
observador a uma compreensão dos processos internos que mobilizam o artista
como dos processos sócio-históricos que dão origem a sua obra.
Impressionistas abandonam lições
acadêmicas e passam a pintar ao ar livre, buscando captar suas impressões das
cenas cotidianas.
Cézanne,
principal nome do pós-impressionismo,
passa a explorar os objetos, principalmente frutas, sob a perspectiva de formas geométricas.
Já
o futurismo italiano traduz um encantamento com o ritmo urbano das cidades e da
crescente industrialização. Pinturas e esculturas expressam ação,
movimento.
O IMPACTO EXPRESSIONISTA
Desde
o fim do século 19, houve a tendência da criação de pinturas que viriam a
abandonar de maneira drástica e significativa a imagem realista. Nessa
tendência, os artistas buscavam a essência da vida espiritual e sentimental, a
qual sobressaiam sentimentos como o medo, solidão e o horror, bem como
retratação de doenças e da morte.
O
símbolo dessa corrente foi o artista Edward Munch, que retratava em suas obras
suas contradições internas e tragédias pessoais, por meio da intensidade das
cores escolhidas, as formas distorcidas e efeitos emocionais.
Durante
esse período, na França, uma efervescência de manifestações artísticas que eram
marcadas pela busca pelo inédito e pela forte exploração de cores e formas.
Denominados como Fauves, esse grupo
tinha como desejo se desfazer de tudo o que é extra na representação de uma
imagem.
MODERNISMO NO BRASIL
O
modernismo no Brasil foi marcadamente influenciado pelos movimentos europeus.
Os artistas brasileiros viajantes trouxeram da Europa e dos Estados Unidos os
desenvolvimentos estéticos propostos pela vanguarda.
A
polêmica exposição de Anita Malfatti em 1927 impulsionou este movimento. Ela
exibiu em São Paulo algumas obras que criou após ter passado uma temporada em
Berlim e Nova York. Com suas cores fortes e linhas tortuosas causou a ira de críticos
como Monteiro Lobato. Essa exposição serviu como estopim, um incentivo para que
seus amigos e colegas que também buscavam inovações artísticas, concebessem a
conhecida Semana de Arte Moderna de 1922.
Torso, uma das obras expostas por
Anita Malfatti.
Para
a Semana de 22, alguns jovens artistas de São Paulo juntaram forças, entre
eles, Di Cavalcanti, Victor Brecheret, Vicente do Rego Monteiro e Oswaldo
Goeldi. Foi Di Cavalcanti quem teve a ideia inicial e contou com a ajuda de
seus amigos escritores, Osvald de Andrade, Mario de Andrade e Graça Aranha para
planejar a semana de arte.
Em
11 de fevereiro de 1922, os artistas organizaram no Teatro Municipal de São
Paulo um evento que incluía uma exposição de arte, além de três noites com
concertos, leituras de poemas e debates.
Essses
artistas que renovaram a linguagem artística no Brasil haviam passado uma
temporada na Europa e visto de perto as novas experiências artísticas de lá. O
que os unia era a vontade de criar um modo de pintar e esculpir que se
libertasse da maneira realista e clássica ensinada na Escola de Belas-Artes e
que explorasse ingredientes brasileiros: com cores, luminosidade, paisagens e
personagens do país. Cada um deles fez isso a sua maneira.
Legenda:
Catalogo e cartaz da Semana de 22, feitos por Di Cavalcanti.
CONSTRUTIVISMO
RUSSO
Ganhou
destaque com a Revolução Russa em
1917. Esse movimento explorava um modo de representação geométrica com formas
simplificadas e seriadas que retratavam o ser humano vivendo em um mundo
industrial veloz e eficiente.
Foi
um movimento importantíssimo para as artes das primeiras décadas do século XX,
mas sua capacidade de criar uma nova linguagem estética e de influenciar o
resto do mundo. Só floresceu com maior força depois do fim do governo de
Stálin, que permitia somente a arte convencional, realista, que ficou conhecida
como realismo soviético.
Um
destaque do construtivismo russo
Kasimir Malevich é um nome importante desse
movimento. Estudou em busca de tornar seus quadros cada vez mais simples em
cores e formas, com apenas algumas tonalidades e contornos geométricos.
Criou o termo suprematismo para se referir a uma
realidade que está além do que vemos.
Buscou em suas pinturas a não objetividade, um mundo livre da
representação de coisas e objetos reais.
O quadro não é mais um objeto e sim uma ideia
abstrata, estabelece ligação direta entre o mundo exterior (material) e o mundo
interior (intelectual).
Estes
movimentos surgiram no período pós-Segunda Guerra Mundial, identificado pelo
otimismo e por uma euforia gerada pela volta á paz e tornou-se um grande marco
no Brasil. A necessidade de reconstruir uma Europa destruída equivalia a
necessidade de construir um novo Brasil. O pais passava por um período de
grandes promessas de desenvolvimento, com JK e seus “50 anos em 5”.
A
arte abstrata irradia a nova realidade e começa a ganhar terreno como promessa
de nova visualidade para um novo país. Com um esforço de uma elite formada
principalmente pelos empresários exportadores de café, são criados novos museus
que fomentaram o desenvolvimento dessa arte.
Já
o concretismo na arte é a promessa de construção do novo, pois prega uma arte
democrática, acessível a todos, em sua simplicidade e objetividade. Prega uma
linguagem universal, livre de contextos específicos e do excesso de
subjetividade e emotividade. Buscam uma arte que substitui a expressão
emocional pela noção de pensamento e construção mental.
Grupo Ruptura
Em
1952, alguns paulistas fundam o grupo ruptura, que era centrado em torno do
artista e teórico Waldemar Cordeiro, que promovia encontros para discutir os
ensinamentos de mestres como Kandinsky e Mondrian. Assim que é fundado, eles
lançam um Manifesto que rompe com a figuração e o naturalismo, considerando-os
uma “arte antiga para uma realidade antiga”.
Grupo Frente
Dois
anos depois, em 1954, surge no Rio de Janeiro o Grupo Frente, um novo grupo de
arte construtiva, fundado por Lygia Clark, Lygia Pape e Ivan Serpa. Outros
integrantes importante foram Helio Oiticica, Abraham Palatnik, Franz Weissmann,
Cesar Oiticica, Elisa Martins da Silveira, Emil Baruch e Rubem Ludolf.
Este
grupo reformulou as ideias lançadas pelo Ruptura, levando-as a outros limites.
Eles criticavam o excesso de racionalismo teórico dos paulistas, e consideravam
que a abstração geométrica podia ter alma e corpo. Um dos fenômenos mais
importantes do neoconcretismo lançado pelo Frente foi a adesão de escritores,
autores da nova poesia neoconcreta.
Lygia
Clark e Hélio Oiticica vieram a se destacar nos anos seguintes ao substituir a
preocupação com os limites da arte neoconcreta pelas questões da arte com o
corpo como algo vivo, integrado ás experiências dos sentidos.
Grande Núcleo (1960-1966), Hélio
Oiticica.
SURREALISMO E INCONSCIENTE
Surrealismo
foi marcado pelo desprezo aos limites da razão no processo de criação
artística. O embasamento dessa corrente se deu nas teorias de Freud, que
afirmava ser o inconsciente também responsável pelo comportamento e
personalidade do ser.
Em
1924, os artistas divulgaram o Manifesto Surrealista, que explanava o interesse
dessa corrente, evidenciado na busca pela liberdade de imaginação, tanto na
literatura quando nas artes visuais por meio da retratação de sonhos, símbolos
e associações do acaso em suas obras.
ENTRA EM CENA A ARTE CONTEMPORÂNEA
A
Arte Moderna começa a sofrer um desgaste devido a sua característica de
experimentação, e a partir daí, tem-se um processo de distanciamento do
público. É nesse contexto que surge a Arte Contemporânea, que se consolidaria a
partir da relação entre a arte e vida.
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