Por Taiane Souza
Estamos em uma sociedade de consumo e excesso, em que as
pessoas, dominadas pela rotina, se esquecem muitas vezes de prestar atenção nos
detalhes, sentir os cheiros e as texturas das coisas que as cercam, de
refletir, abrir a cabeça, criar mundos novos ou transformar o que vivem.
Já dizia Fernando Pessoa: “A arte consiste em fazer os outros
sentir o que nós sentimos, em os libertar deles mesmos, propondo-lhes a nossa
personalidade para especial libertação.”
Com essa intenção, nós, alunos da disciplina de Artes
Plásticas do Brasil, decidimos parar a cidade e o tempo, para que as pessoas
dessa Viçosa, num dia comum, dessem espaço para o Lado B delas mesmas.
...
Era uma manhã quente e ensolarada de quarta feira, e quem
observasse o movimento da Praça da Matriz, point
dos senhores de idade avançada, das feirinhas de artesanato e abrigo da
principal igreja viçosense, que recebe o nome da padroeira – Santa Rita de
Cássia – veria mais um dia criando forma.
Mas quando chegamos, aos poucos, fotografias iam surgindo
coladas pelas pilastras da praça, materiais para desenhar eram espalhados pelos
bancos, chás com mensagens eram distribuídos para as pessoas, um novo texto era
digitado numa máquina de escrever vermelho-retrô, e uma garota se preparava
para dançar a dança do ventre.
Do outro lado, dois frequentadores da praça tentavam acordes no violão que foi colocado ali para quem quisesse tocar. Os mais diferentes traços davam origem a desenhos de plantas, mãos e caricaturas nas folhas espalhadas. E depois eram pregados no pequeno varal improvisado, que dava um toque de romantismo no lugar. Junto à máquina de escrever, um grupo de animados estudantes tentava corrigir os erros digitados:
- Cadê a tecla de
apagar?!
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